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Salvando as bancas antes de dormir

A cidade de Townsville! Um lugar ameno, cheio de paz e harmonia, onde os cidadãos podem sempre dormir tranquilos, sem se preocupar com coisas chatas como onde estacionar o carro ou escapar do monstro enorme que está destruindo a… SOCORRO! Um monstro está destruindo Townsville! E agora, o que faremos?

– Ah, eu já sei o que fazer.

– Então faça, senhor prefeito!

– Espere. Antes espere a Srta. Bellum me servir um cafezinho, senhor repórter.

– Nada disso, a cidade está sendo destruída! Faça alguma coisa, por favor!

– Tá bom, não precisa gritar.

Então, o prefeito rapidamente chama as três maiores heroínas de Townsville: As Meninas Superpoderosas!

Florzinha, Lindinha e Docinho chegam voando rapidamente e, então elas começam a dar um jeito no monstrão! E é soco pra cá, safanão pra lá, chute, pontapé, peteleco, raio laser… Ah, meu Deus, coitadinho do monstro! Mas, no fim, é claro que a cidade foi salva quando elas arremessam o malvadão para longe dali.

– Meninas! Meninas! Posso falar com vocês?

– Claro que pode. Você é que é o repórter que está visitando Townsville, não?

– Sim, sou eu mesmo. Nossa, as notícias correm por aqui! Você deve ser a Florzinha, não é? Bonito lacinho no cabelo.

– Obrigada. Esta aqui, toda mal humorada, é a Docinho.

– É, eu acordei com o pé esquerdo hoje.

– Por quê, Docinho? Alguma coisa errada?

– Não é você que tem que dar um jeito em um monstro todos os dias, cara.

– Não fale assim com ele, Docinho. O que eu acho pior, moço, é que os monstros ficam todos machucados e as mamães deles devem ficar um tempão cuidando dos filhos, passando remédio.

– Você é tão lindinha! Ah, claro, você é a Lindinha, não é?

– É, isso mesmo. Mas por que o senhor veio pra Townsville, moço?

– Ah, eu vim dar uma boa notícia pra vocês. Sabiam que, lá no Brasil, está saindo um gibi com todas as suas aventuras?

– Não brinca!

– É, Docinho, eu juro! Saiu pela Editora Abril.

– Saiu pela Abril no Brasil. Hahahaha, que engraçado!

– Ah, mas o gibi é ótimo, Lindinha! E ainda tem muitos passatempos, jogos, atividades e… Ei, onde é que vocês tão indo?

– Visitar o Brasil, oras!

– É, agora a gente quer ler o gibi também!

– Valeu pela dica! Tchau!

– Ei, meninas, esperem, voltem aqui! Pelo menos me dêem uma carona!

Ah, essas meninas, sempre aprontando! E assim, mais uma vez, o dia – e as bancas! – foram salvos, graças às Meninas Superpoderosas!

(Hm… alguém aí pode me dar uma caroninha de volta pra Campinas?)

De olho: ¡MUCHA LUCHA!

Luta livre sempre foi uma coisa que os adultos não levavam a sério. Apesar de algumas exceções, que realmente acreditavam que aquilo tudo era verdade. No Brasil, tinha mesmo gente que acreditava que Michel Serdan (aquele careca que faz comerciais pra Fiat) era o pior inimigo de Aquiles, ou que o mascarado Fantomas não possuía mesmo um rosto.

Ah, você nunca viu uma batalha de luta livre na vida? Você está perdendo um dos espetáculos mais engraçados da Terra. Mas não pense que os lutadores fazem papel de palhaço: eles sabem exatamente o que estão fazendo e, em cada luta, eles treinam muito para que os golpes não machuquem o adversário.

No Brasil existiram vários programas de luta livre na tevê. Os mais conhecidos foram Telecatch, Os Reis do Ring e Os Gigantes do Ringue. Mas nenhum deles, em termos de ação, chega aos pés do novo desenho do Cartoon Network: ¡Mucha Lucha!

Nele, os pequenos Ricochete, Buena Niña e O Pulga se vêem envolvidos em mil perigos ao entrarem para uma escola especial de lutadores. Aí, pode se preparar para grandes golpes, cacetadas e pontapés a valer!

Agora as primeiras aventuras dessa turma saíram em DVD (sim, te peguei, hoje não é um gibi). Lute pelo seu! Mas, atenção: lembre-se que golpe baixo não vale!

¡Mucha Lucha! – Coração de Lucha! — Warner •  65 minutos • R$ 34,90

Animação nas bancas

E não é que saiu, finalmente, o gibi dos Cartoon Cartoons? Pois é, o canal de tevê a cabo mais visto do Brasil declarou mesmo uma invasão às bancas, tendo como parceira de guerra a Panini. Isso só podia dar mesmo em coisa boa.

Finalmente dá pra gente conferir, página a página, as aventuras do Coragem, do Johnny Bravo, da Turma do Bairro, da Vaca e do Frango, do Máximo, do Babão e de toda a galera! Você só não vai encontrar aqui as histórias do Dexter e das Meninas Superpoderosas, porque, afinal, eles têm seus próprios gibis.

E a qualidade? Bom, não são os roteiristas da tevê que escrevem as histórias, mas, sim, gente que trabalha com quadrinhos. Mas não quaisquer pessoas: existem nomes respeitados, como Robbie Busch e os veteranos Paul Kupperberg e Stephen DeStefano. Tudo para garantir que os gibis são bons, sem nenhuma picaretagem.

A melhor coisa, no entanto, é o preço: apenas R$ 1,99 para você se divertir, todo mês, com essa moçada. É claro que, como sempre, também temos passatempos na revista. É claro! Aliás, se é passatempo que você procura, também tem a revista de passatempos dos Cartoons Cartoons. É só procurar nas bancas!

Um detalhe: a Abril chegou a começar a publicação destas revistas no Brasil, mas, no fim, a Panini papou tudo pra ela. Prova de que a briga no mercado editorial, no fim da contas, não fica só no mundo dos gibis de heróis. E isso ainda pode dar muito assunto pra falar.

De olho: ALMANAQUE CLÁSSICOS DA TV

Era década de 1980 (na verdade era finzinho da década de 1970) quando a editora Abril publicava as revistinhas da Hanna-Barbera. Todos os personagens clássicos estavam lá: Zé Colmeia, Maguila, Dom Pixote, Jambo e Ruivão… E também tinham os mais novos, como Scooby Doo, Hong Kong Fu, Elefantástico, Tutubarão, entre muitos outros. Foram gibis que deixaram saudades.

Um deles se chamava Heróis da TV. Era uma coletânea de diversos personagens da HB. Uma revista com o mesmo nome, tempos depois, virou um dos títulos de maior duração quando a Abril começou a publicar a Marvel e seus heróis. Mas, quando isso aconteceu, já não tinha mais nem sinal dos gibis HB nas bancas.

Demorou muito até que o respeito voltasse. E foi graças ao sucesso do Cartoon Network que estes personagens  puderam retornar. Primeiro na tevê, num canal a cabo chamado Boomerang. E, agora, nas bancas, com o Almanaque Clássicos da TV. Um verdadeiro desfile de estrelas: os astros da Corrida Maluca, Maguila, Pepe Legal, Esquilo sem Grilo e, claro, Zé Colméia.

Pros mais velhos relembrarem do passado. E pros mais novos conhecerem mais dos bons tempos de infância dos seus pais.

Almanaque Clássicos da TV — Panini • R$ 4,50

Procura-se: Bebop

A editora JBC lançou, há dois meses, o primeiro mangá semanal no Brasil. Mais uma iniciativa inovadora desta que é, junto com a Conrad, a pioneira neste tipo de quadrinho. As seis edições de Cowboy Bebop, no entanto, não vão deixar saudade: são quadrinhos ruins, previsíveis, que se passam mais ou menos entre os episódios 13 e 14 da aclamada série de tevê da Sunrise. Para os fãs que se acostumaram com as aventuras televisivas (no Brasil, apenas os afortunados assinantes da DirecTV puderam ver, graças ao excelente canal Locomotion), eles sabiam que faltava algo.

Não é preciso muito para descobrir: Cowboy Bebop é uma série frenética, sonora e visual. Um anime que se aproxima do ocidente a partir de seu nome, que é uma clara referência a duas particularidades surgidas na cultura americana. A primeira são os cowboys, nome dado aos caçadores civis de criminosos, prática legal até hoje nos Estados Unidos. A outra é referente ao estilo de música criado nos anos 1940 por Charlie Parker, em conjunto com Dizzy Gillespie e Thelonious Monk, que possui um ritmo acelerado, com muitos e complexos movimentos improvisados.

Estes são os fundamentos da ação da série, ambientada em 2071 e centrada no anti-herói Spike Spiegel e em seus companheiros da astronave Bebop: o ex-policial Jet Black, a misteriosa Faye Valentine, a garota andrógina chamada Ed e o cão gênio Ein (nome que pode tanto remeter a Einstein como ao fato do cão ser único – o nome quer dizer ‘um’ em alemão). Mas o que havia de tão inovador assim na proposta de Cowboy Bebop?

Uma coisa muito simples, na verdade: a série tinha a séria pretensão de criar um tipo indefinível de anime, fora de qualquer escala comparativa. E é isto mesmo que ele fez: criando uma pequena novela espacial, com episódios únicos e independentes, apesar do grande pano de fundo por trás, com histórias canônicas, bem ao estilo das séries americanas de drama. Mas, em princípio, a TV Tokyo, retransmissora inicial e parceira da Sunrise no projeto, exibiu poucos episódios que, apesar de empolgarem os primeiros fãs, não convenceram a empreitada a continuar. Um canal via satélite nipônico, no entanto, tratou de transmitir a série com o respeito que ela merecia: graças ao WowWow, o Japão viu toda a jornada de queda de Spike, em sua luta contra o vilão Vicious por conta de seu amor por Julia.

Aliás, esta tríade, bem trabalhada por toda a trama, apenas com toques sutis à medida que os episódios avançavam, eclodiu em momentos especiais, que estão, sem dúvida alguma, entre os melhores momentos da animação mundial nos anos 90. Tudo isso embalado pelos Seatbelts, banda japonesa de jazz formada especialmente para interpretar as canções do anime e que navega pelo ambiente da série com uma destreza ímpar. Sua líder, a vocalista Yoko Kanno, é certamente o gênio por trás das canções arrebatadoras, que fundamentam todos os 26 roteiros da complexa costura urdida pelo roteirista e criador de Cowboy Bebop, Shinichiro Watanabe.

Foi o primeiro anime adulto a ser exibido nos EUA, no Cartoon Network. Aqui, para os mortais, só o mangá. É pouco, muito pouco.

Como Mauricio perdeu o bonde da história

Era uma vez um desenhista. Ele era o homem mais conhecido dos quadrinhos de seu país. Sua turminha vendia gibis adoidado, toda semana. E ele, um dia, pensou em fazer filmes para a tevê. Fez um curta aqui, outro ali, até uns filmes pra cinema pintaram. Mas nada da prometida série semanal televisiva. Nisso, o tempo foi passando. Todo mundo achava que ele é que tinha a obrigação de ser o primeiro a lançar uma série animada nacional, ao molde das estrangeiras: um show de meia-hora, toda semana, na tevê. Esperava os acertos com empresas, pois não podia se arriscar em algo que não desse lucro. A esta altura, os quadrinhos já tinham virado mais negócio que prazer, havia muito tempo.

Nessa do tempo passar, noutro ponto da cidade, outro desenhista, que adorava ver a MTV, teve a idéia de desenhar versões animadas destes personagens no seu estilo, bem influenciado por desenhos como O Laboratório de Dexter e As Meninas Superpoderosas. Fez alguns testes em seu computador pessoal, curtiu e decidiu meter as caras e levar pra mesma tevê que ele tanto amava. O pessoal da MTV gostou tanto que propôs a ele uma série animada de vinhetas. O resultado ficou tão bom que, em seguida, o chamaram para fazer uma série animada de muitos episódios semanais, de meia hora cada.

É exatamente neste ponto que Pavão, o desenhista novato, acabou passando a perna em Mauricio de Sousa, que perdeu o bonde da história. Afinal, a série animada da MTV criada por Pavão, a Mega Liga de VJs Paladinos, acabou se tornando a primeira série animada nacional de média duração, um sonho acalentado desde os anos 1970 por muita gente. Inclusive o próprio Mauricio.

E onde foi que o Mauricio errou?

Num ponto crucial: esquecer que a inovação e o risco estão sempre ligados nestes momentos importantes da história. Pavão tinha a tecnologia certa, a linguagem certa e o público certo no momento exato. E não perdeu tempo: se arriscou e se deu bem.

Sorte de quem vê a MTV: a Mega Liga é uma das coisas mais legais que já apareceram na tevê brasileira. Que, inclusive, já vai se acostumando, aos poucos, às animações televisivas nacionais. O próprio Mauricio tentou fazer isso na Globo, há alguns anos, mas só vinhetinhas convencionais de um minuto cada. Mas o pessoal do Casseta e Planeta já vem usando a animação computadorizada com resultados muito mais engraçados.

Certamente é hora de se prestar atenção nisto: em pouquíssimo tempo as tevês estarão investindo em desenhos animados brasileiros. Talvez correndo até o risco de cada uma ter o seu show nacional. Ou vários numa só – e aí a MTV saiu na frente.

Lógico que isso só vai ser bom pra gente, que é louco por desenho animado! Escreve o que eu disse! E me cobre daqui a uns anos.

Ah, você está aí!

Scooby-Doo foi criado por William Hanna para um novo segmento de show da Hanna-Barbera, que estreou em 1969. Marcou o início da era de prata da produtora e abriu os anos 70 com jovens bisbilhoteiros e sedentos por aventura, cruzando os Estados Unidos em uma van psicolélica e resolvendo casos de mistério.

Fred, Daphne, Salsicha, Velma e Scooby-Doo, o cão falante, carismáticos demais, logo caíram nas graças do público infanto-juvenil do mundo inteiro. Suas séries se multiplicaram e, sem dúvida, foi o grande sucesso das manhãs animadas que havia nas tevês do mundo todo. No Brasil, era uma festa quando a Rede Globo anunciava que Scooby-Doo estava em fase de dublagem para o português!

Scooby já teve um monte de séries diferentes. Algumas, inclusive, sem todo o elenco original. Foi quando deram férias para Velma e Fred e a série ficou um pouco mais chata. Em muitos episódios, muita gente famosa da época apareceu: Batman e Robin, a Família Dó-Ré-Mi, os comediantes Abbott e Costello, o time-show de basquete Harlem Globetrotters e muitos outros. E parentes do Scooby surgiram, como Scooby-Loo, Scubidão e o impensável Bionicão.

Nos quadrinhos, a série nunca vingou. No Brasil, foi publicado de modo decente, com outros personagens HB, pela Abril. Mas Scooby-Doo já foi um título maltratado, com os nomes dos personagens mal aportuguesados, que saiu pela campineira Cedibra. Era um material de qualidade péssima, com desenhos primários, colorização a lápis-de-cor (bem tosca) e roteiros malfeitos, tudo produzido no País. O leitor, que não é bobo, não comprou, a revista foi logo cancelada e o jeito era, então, aguardar.

A espera, porém, acabou: Scooby-Doo ganha uma edição de respeito com preço bacana, desenhos bons e roteiros na mesma linha da novíssima série que passa no Cartoon Network e no SBT. Ponto da Panini nessa! Compre e se divirta!